O que é Kihon?

Kihon (基本) significa “fundação” ou “fonte” e, nesta lógica, quer dar sustento ao desenvolvimento do caratê de forma perene e propedêutica. Um kihon é uma técnica básica, um soco, uma defesa, uma postura, que é repetida pelo praticante diversas vezes. O escopo é tornar o movimento tão natural que, quando for executado num kata ou num kumite, não haverá dificuldades e o aprendizado fluirá.

O estudo na forma de fundamentos consegue transmitir ao aluno a forma básica, incumbindo ao professor conseguir transmitir não somente o movimento em si mas toda a filosofia e os conceitos que estão por detrás, porque de outra forma a essência do caratê inexoravelmente será esquecida, deixando de ser “dô” para ser “jitsu”. Noutras palavras, técnica pela técnica, num movimento contrário ao deixado pelos mestres.

Por fim, a fixação do movimento por meio da repetição levará eventualmente à compreensão maior de seu significado conquanto a energia (ki) do golpe não será desperdiçada mas, antes de tudo, canalizada do modo mais eficiente possível. Ou seja, visa-se o equilíbrio entre prática e teoria.


O que é Kata?

Kata () significa “forma” ou “modelo”. Um kata pretende ser uma luta simulada, formatada para que o carateca consiga praticar sozinho; são movimentos coreografados que visam dar desenvoltura frente a situações reais de enfrentamento, contra um ou vários adversários imaginários. A prática do kata foi introduzida desde cedo no caratê, quando a influência de mestres chineses se fez peremptória, desde quando se tratava de luta tipicamente de Oquinaua (Okinawa-te). Todavia, com a crescente influência dos estilos oriundos da China, a prática fixou-se de vez.

Há muitos kata e muitas variações de um mesmo kata, dependendo do estilo/escola e até de professor para professor, refletindo diversos significados e as características desse estilo/escola.


O que é Kumite?

Kumite (組み手 ou 组手 mãos dadas) representa uma luta, um combate. Seu nome, sendo traduzido como o encontro das mãos, pretende fazer memento ao lutador que o embate dar-se-á, pelo menos nos primeiros momentos, em condições de igualdade. Por conseguinte, deve haver respeito.

Em princípio, as lutas eram proibidas e/ou desestimuladas, porque o caratê possui técnicas perigosamente mortais. Mas, quando o kumite foi incorporado ao treinamento, viu-se que deveria haver maior controle, é que um aluno somente deveria treinar com luta depois de conhecer bastante as técnicas dos kihons e katas, que são sua base. A despeito disso, existem algumas formas de kumite, que seguem uma linha contínua de aumento de dificuldade, com mais até menos controle.

Por outro lado, a prática do kumite como parte do treinamento, além de promover a adaptação do praticante a situações de combate, tem como fito precípuo a promoção do companheirismo, do compartilhamento de informações, da ajuda mútua.

Ademais, quando o caratê passou pelas mudanças filosóficas que o transformaram em caratê-dô, impregnou-se da ideia de que o carateca que evolui sozinho praticamente não evolui, pois não se forma completamente, com respeito a outrem e à coletividade. E isso, num hipotético combate, fatalmente contribuiria de modo nefasto para um insucesso.


Ética e Filosofia Dojo kun

A par dos princípios básicos elencados e tendo em foco o Bushido, o mestre Kanga Sakukawa elaborou um código, o Dojo kun, para servir de norte à prática do caratê. Tal código é composto por cinco regras:

  1. Esforçar-se para a formação do caráter.
  2. Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
  3. Criar o intuito do esforço.
  4. Respeito acima de tudo.
  5. Conter o espírito de agressão.

Graduação

Os mestres de caratê não usavam nenhum padrão para identificar o nível de cada apedeuta, de modo prosaico identificavam particularmente quem estava mais ou menos avançado nos conhecimentos. Paulatinamente, passou-se, de um jeito ou de outro, a se utilizar do sistema menkyo (vigente ainda nas escolas tradicionalistas) para certificar o grau de conhecimentos de um praticante, basicamente destacando-se três níveis:

  • Shodan (初段): significando que se havia adquirido o status de principiante;
  • Chudan (中段, Chūdan): significava a obtenção de um nível médio de prática. Isso significava que o indivíduo estava seriamente comprometido com sua aprendizagem, escola e mestre;
  • Jodan (上段, Jōdan): a graduação mais alta. Significava o ingresso no Okuden (escola, sistema e tradição secreta das artes marciais).

Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu mestre, demonstrando interesse e dedicação, recebia o menkyo, a licença que permitia ensinar. Essa licença podia ter diferentes denominações como: Sensei, Shihan, Hanshi, Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em particular. A licença definitiva que podia legar e outorgar acima do menkyo, era o certificado kaiden, além de habilitado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado integralmente o aprendizado do sistema.


Competição

Não existe competição no caratê tradicional, mas com o câmbio pelo qual passou a modalidade, de disciplina marcial pura para esporte e meio de desenvolvimento físico, paulatinamente algumas entidades passaram a promover torneios, cujo fito era promover o intercâmbio e a amizade.

Os torneios são realizados em duas modalidades, kata e kumite. Uma terceira modalidade, que outros enxergam como subdivisão da de kata, é a de bunkai.

Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo com a qualidade do desempenho do atleta, de maneira análoga à ginástica olímpica. São critérios fundamentais para uma boa performance a correta execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da variação de velocidade dos movimentos (bunkai). Quando o kata é executado em grupo (usualmente, de três atletas), também é importante a sincronização dos movimentos entre os componentes do grupo.

No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) enfrentam-se por um tempo, que pode variar de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos tanto pela técnica quanto pela área do corpo em que os golpes são desferidos. As técnicas permitidas e os pontos permissíveis de serem atacados variam de estilo para estilo. Além disso, o kumite pode ser de semi-contato (como no estilo Shotokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin).


Pontuação em Competição

No modelo adoptado pela Confederação Brasileira de Karate-do – CBK, e entidades a ela filiadas, e no adoptado pela Federação Nacional de Karate, de Portugal.

Yuko equivale a um ponto e corresponde a um soco na área do abdome, do peito, do rosto ou costas.
Wazari, dois pontos, sendo um chute nas áreas das costas, do abdome ou do peito, ou chute nas laterais do tronco.
Ippon, três pontos, sendo um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com contato rigorosamente controlado (ou, dependendo da categoria em disputa, com aproximação de 5 cm a 10 cm, desde que o oponente não esboce reação), independentemente do oponente estar caído ou não.

Aplicar uma técnica pontuável no oponente completamente caído e sem chances de contra-atacar, num intervalo de até 2 segundos, independentemente de ter caído por si só ou ter sido derrubado com técnica de varredura ou projeção.

Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontuação semelhante a esta. Por exemplo, a Confederação Brasileira de Karate-do Interestilos (CBKI), bem como as entidades filiadas à mesma, utilizam wazari (meio ponto – ○), para golpes chudan(altura do tronco); e ippon (um ponto – ●), para golpes jodan (altura da cabeça), ou indefensáveis.

Nesse sistema de luta, o combate termina quando o tempo expira ou quando um dos dois oponentes atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema de disputa ser Shobu Sanbon (disputa por três pontos). Uma variação desse sistema é o Shobu Ippon (disputa por um ponto), onde vence aquele que conseguir um ippon ou dois wazari.

Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon (disputa por dois pontos), na qual vence aquele que obtiver dois ippon’s ou quatro waza-ari’s, mas esta última forma de disputa é mais utilizada para competições infantis.


Ortografia do nome Karate, Caraté ou Caratê

Ortografia: “Caraté” ou “caratê” são as formas de grafia correta em língua portuguesa. Em que pese a vigência do Acordo Ortográfico de 1990, pelo qual as letras “K”, “W” e “Y” passaram a fazer parte do alfabeto, a grafia com a letra “K”, posto que seu uso seja difundido entre as associações representativas, deve ser desestimulada, ante o processo histórico/natural de aportuguesamento da grafia.

O uso da forma com a letra “K” parece dever-se à circunstância fáctica de os líderes das entidades desconhecerem, no mais das vezes, as normas de gramática e ortografia do português, devido a suas origens, tradicionalmente estrangeiras.

A variação com acento circunflexo justifica-se, no Brasil, pela influência da língua francesa; em Portugal, a com acento agudo, por recepção directa do japonês, na qual o som da letra final seria aberto.

Em Portugal, a despeito de a norma culta estabelecer que a grafia certa é “caraté”, tem prevalecido o uso da forma vulgar, “karaté”.


Fonte: Wikipedia.